Encontrar tempo para estar com as pessoas

No mundo de tantas redes, grupos virtuais e tecnologias móveis, cada vez nos ocupamos mais para poder atender às inúmeras solicitações, digitais e presenciais, que nos chegam em ritmo feérico e sentimos dificuldade em gerenciar o que é mais importante, prestar atenção ao que é mais relevante, equilibrando a comunicação externa com a interna, a virtual com a presencial.

Recebemos tantas mensagens a todo momento, que é fácil descuidar o atendimento pessoal de verdade, não achando tempo para estarmos juntos, olho-no-olho, acolhendo, escutando, conversando com quem vem ao nosso encontro ou está ao nosso lado. As pessoas andam ocupadas demais, solicitadas demais e se esquecem de cumprimentar, de dar a atenção devida a quem está perto. Vemos com frequência pessoas que atendem várias chamadas ou checam suas mensagens, no meio de conversas pessoais, deixando o parceiro sem atenção durante longos períodos.


Estamos ocupados demais, falando demais, dispersos demais e escutando de menos. Muitos mais são os que falam que os que escutam. Muitos nem deixam o outro terminar uma frase e já respondem no meio. Não prestam atenção ao que o parceiro quer dizer. Para eles é mais importante mostrar que sabem, que conhecem, que tem uma história mais interessante do que a que o outro conta. Há conversas que são competitivas; parece que disputam um prêmio, o de quem fala mais rapidamente, sem ouvir o colega. Outras conversas são unilaterais: só um dos dois fala, o outro mal tem tempo de assentir, comentar ou discordar. Também há conversas de surdos: as falas não estão sincronizadas; só acontecem em paralelo.

A Internet amplia ainda mais esse narcisismo esquizofrênico. No Twitter ou no Facebook há uma atividade febril divulgadora: todos querem mostrar o que fazem, cada passo insignificante de cada momento. Há um deslumbramento exibicionista ao postar fotos do Arco do Triunfo ou do Central Park, como dizendo sutilmente: “Vejam como estou me divertindo, enquanto vocês dão duro no trabalho chato ou estão presos no interminável congestionamento”. E ainda por cima esperam que eu curta cada uma dessas postagens. A grande maioria das mensagens exibe pessoas felizes, realizadas, inteligentes, em relacionamentos invejáveis ou com famílias maravilhosas. Minha caixa postal vive lotada com emails comunicando que fulano quer ser meu amigo, que sicrano marcou uma foto, que um terceiro me convida para participar de um jogo. São muito mais numerosos os que postam mensagens do que os que as lêem de verdade. O importante parece ser expressar-se, aparecer, desabafar e não interagir profundamente.

Comunicar-se, antes ou mais do que falar, é saber ouvir, escutar atentamente, processando o que ele diz, dando retornos que valorizem a sua fala. Estamos tão ocupados, que não temos tempo para prestar atenção ao que o outro quer nos transmitir. Nem esperamos ele falar e já o interrompemos com nossas idéias, sem analisar suas opiniões. Ouvir atentamente, algo tão simples, é revolucionário, pelas mudanças que opera. Só o fato de ter tempo para escutá-lo com atenção já contribui para diminuir a tensão, para desarmar a sua irritação, para abrir novas possibilidades. Aprendemos mais quando escutamos com atenção do que quando falamos sem parar.

No meio da correria é difícil enxergar e ouvir os menos favorecidos, os sem voz, as pessoas mais simples, que costumam ser marginalizadas. Avançamos mais, quando prestamos atenção às pessoas mais carentes, quando as reconhecemos, as cumprimentamos, lhes sorrimos. Quanto menos reconhecimento social têm, mais valorizam os gestos de aproximação e apoio.

No mundo agitado, é difícil, mas fundamental, achar tempo também para prestar atenção à comunicação mais profunda, interna, às mensagens que fluem do nosso interior, da nossa intuição. Para isso precisamos dedicar um tempo específico, relaxar, refletir, meditar e equilibrar o tempo de socialização, de exteriorização com o de interiorização. Há um descompasso gritante entre a ênfase na nossa dedicação às atividades externas e às internas. Passamos a maior parte do dia preocupados com os inúmeros acontecimentos que se nos apresentam e relegamos a reflexão e a meditação a espaços e tempos muito ocasionais e precários. O resultado é que nos desenvolvemos menos harmonicamente, nos comunicamos mais superficialmente e evoluímos com mais dificuldade para tornar-nos pessoas mais plenas e realizadas.












Comentários

Unknown disse…
Prezados,

Gostariamos de solicitar que seja divulgado em seu blog informações sobre a 4ª Olímpiada Nacional em História do Brasil, um projeto voltado aos professores e alunos de todo o Brasil.

4ª Olimpíada Nacional em História do Brasil

O Museu Exploratório de Ciências – Unicamp recebe a partir do dia 01/06/2012, as inscrições para a 4ª Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB). Poderão participar estudantes regularmente matriculados no 8º e 9º anos do Ensino Fundamental e demais séries do Ensino Médio, de escolas públicas e privadas de todo o Brasil, incluindo alunos do Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Para orientar a equipe, composta por três estudantes, é obrigatória a participação de um professor de história.
O formulário de inscrição e o boleto para pagamento estarão disponíveis no site do Museu Exploratório de Ciências de 01 de junho até 10 de agosto. A taxa de inscrição é de 21 reais para as equipes de escolas públicas e 45 reais para as equipes das escolas particulares. O valor da inscrição corresponde à inscrição de todos os membros da equipe (incluindo o professor-orientador).
Em 2012, O Museu Exploratório de Ciências custeará, para participarem da final, as passagens de avião das 27 equipes mais bem colocadas em cada estado da Federação (escolas públicas ou particulares) e mais 10 equipes de escolas públicas com a maior pontuação, sendo uma por região do país, e cinco escolas públicas com mais alta pontuação em todo o Brasil, independente de sua região. Após a final da Olimpíada, os professores responsáveis por essas equipes são convidados a permanecer na Unicamp para realizar capacitação de uma semana, com custos de hospedagem cobertos também pelo Museu.
A ONHB premiará escolas, alunos e professores, com medalhas de ouro (60), prata (100) e bronze (140) e certificados de participação para todos os inscritos e também para as escolas.
A 4ª Olimpíada Nacional em História do Brasil é uma iniciativa do Museu Exploratório de Ciências – Unicamp. O evento é patrocinado pelo CNPq e tem o apoio da Rede Globo de Televisão e da Revista de História da Biblioteca Nacional. A última edição, realizada em 2011, inscreveu mais de 65 mil participantes e reuniu cerca de duas mil pessoas na final presencial, realizada na Unicamp, nos dias 15 e 16 de outubro.
A ONHB é organizada pela equipe do Museu Exploratório de Ciências e as provas são concebidas e elaboradas por historiadores, professores e pós graduandos de História da Unicamp. Como proposta, os participantes têm a oportunidade de trabalhar com temas fundamentais da história nacional e de conhecer de perto as práticas e metodologias utilizadas pelos historiadores.

Calendário da 4ª ONHB
Inscrições e pagamento dos boletos: de 01/06/2012 a 10/08/2012.
Primeira fase: inicia no dia 20/08/2012 e finaliza no dia 25/08/2012.
Segunda fase: inicia no dia 27/08/2012 e finaliza no dia 01/09/2012.
Terceira fase: inicia no dia 03/09/2012 e finaliza no dia 08/09/2012.
Quarta fase: inicia no dia 10/09/2012 e finaliza no dia 15/09/2012.
Quinta fase: inicia no dia 17/09/2012 e finaliza no dia 22/09/2012.
Grande Final Presencial: Prova: 20/10/2012
Cerimônia de Premiação: 21/10/2012


Atenciosamente
Alessandra Pedro
Coordenadora Associada Olimpíada Nacional em História do Brasil
Museu Exploratório de Ciências
Caixa Postal 6025
UNIVERSIDADE ESTADUAL D E CAMPINAS (UNICAMP)
Cidade Universitária Zeferino Vaz
13083-970 - Campinas – SP
Brasil
Unknown disse…
Boa tarde faço pós graduação em Metodologia e Gestão em EAD, necessito acompanhar seu blog para fazer algumas atividades e fazer comentários sobre suas postagens.
Unknown disse…
Após a leitura do seu texto, chego a seguinte conclusão: a informatização, o celular , a internet, o ter estão acabando com as relações humanas. O ser humano quer se mostrar nas redes sociais,(feliz? Não sei!)buscando prazeres efêmeros, sem apego, sem raízes.No fundo tem medo de tocar, de olhar nos olhos, de conversar, de se comprometer com o próximo.
Realmente é uma situação preocupante... A solidão será a grande doença desta geração.... Parabéns pelo texto!
Realmente é uma situação preocupante... A solidão será a grande doença desta geração.... Parabéns pelo texto!
Unknown disse…
È uma situação muito preocupante, hoje se fala demais e escuta de menos, existe muita solidão a dois e também no meio de uma turma, pois cada um se preocupa consigo próprio e esquece do coletivo. Não existe a conversa olho no olho, a internet ocupa o diálogo real que causa a solidão, que será a doença do século.
Alex Theodoro disse…
Olá, ia escrever um texto sobre esse assunto e sabia que alguém já o tinha feito, postei no meu facebook citando a fonte, parabéns, abraço.
https://www.facebook.com/alextheodoro/posts/434745249910269?notif_t=like
Andreia Ribeiro disse…
Quem não tem acesso a essa nova tecnologia, acaba ficando excluído da sociedade. Hoje, estamos cercados de pessoas, mas cada um em seu mundo virtual.

Postagens mais visitadas deste blog

A Internet na nossa vida

O papel das metodologias na transformação da Escola

Educação híbrida: um conceito chave para a educação, hoje José Moran